Assuntos

Le Petit Cabaret de Marlon Di

por Adolfo Caboclo, 21 de agosto de 2014
, ,

No seio da noite, todos os boêmios sassaricam. Em uma toca, em um cantinho de pouca luz, eles fazem seus ritos e honrarias para Baco. Seja dentro dos bares, em mesinhas na rua ou  nas escadas, risadas e taças são presenças garantida no cinza paulistano da praça Roosevelt, assim como também nas ladeiras parisienses de Montmartre. Este, com infinitas taças e ideologias, abundante em liberté, fraternité e égalité… quer dizer, de “égalité” nem tanto. É assim pelo menos para Marlon Di – o rei do petit cabaret, maior que tudo e todos — como o próprio se apresenta.

92

Marlon Di é um personagem que atualmente ganha vida na Terra da Garoa através do ator Fábio Piacentiny. Descobri isso na primeira quinta-feira de agosto, quando um amigo me convidou para este espetáculo, que rola no Espaço Mini, da praça Roosevelt.

É curioso o fato dessa peça acontecer justamente na região que possui a maior concentração de teatros alternativos da cidade, que também é um dos lugares mais boêmios que conheço. Quando entrei no Mini, minha mente arquitetou um paralelo com a  belle époque imediatamente. Ok: o cenário montado para o espetáculo ajudou bastante para esse meu sentimento eclodir.

A peça é bem divertida e com uma pegada bem luxuosa. Além da “estrela” Marlon Di, o espetáculo conta com mais duas presenças marcantes: uma expansiva esposa beberrona, vivida pela atriz Fernanda Hartmann, e a musicista Fernanda Bock, responsável pela ambientação musical através do saxofone e outros instrumentos de sopro.

70

Na semana seguinte fui papear com os atores pouco antes de sua apresentação. Entre as luzes do camarim e as estrelas boêmias, também conversei com o produtor e diretor do espetáculo, Fernando Farias, do grupo Caos. “O Fábio me procurou, trouxe a peça de fora, mas eu não sabia que o cara era tão ‘pica'”, comentou o diretor rindo, ao se referir ao ator que possui um robusto passado artístico, sobretudo na cidade de Barcelona, onde viveu muitos anos. Enquanto isso, os atores se perdiam em suas maquiagens para encontrar seus personagens. Fernanda Boch checava seus instrumentos e me contava que, além de musicista, é dubladora (claro que eu pedi para ela fazer a “vozinha” do seu personagem na série Digimon). Hartmann falou bastante sobre a sua vinda do sul para São Paulo, seus estudos teatrais na USP e a sua paixão fulminante por seu personagem. Fábio me contou que bebeu muito da fonte de Marlene Dietrich para dar vida para Marlon Di. Este, por sua vez, que seguirá brilhando no Mini.

Incrível como essa tal belle époque nunca deixa de ser belle.

Fernanda Hartmann. Fernando Farias, Fábio Piacentiny e Fernanda Bock

Fernanda Hartmann. Fernando Farias, Fábio Piacentiny e Fernanda Bock

86 53 49 46 45Fotos por Thiago Sotnas

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

More Posts

Comentários