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Sol, frio e mergulho: a combinação perfeita para um “fast mochilão” em Arraial do Cabo

por Estela Marcondes, 28 de julho de 2014
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Desde pequena eu sonhava em conhecer o misterioso mundo dos seres capazes de respirar embaixo d’água. Não sei se foi meu encanto pelo mundo marinho o responsável pelo meu fanatismo na infância pelo filme “A Pequena Sereia” ou se foi a estória da sereia Ariel que despertou minha curiosidade pela vida subaquática. Fato é que o preço salgado dos cursos de mergulho e os equipamentos sofisticados necessários para a prática foram motivo para que eu sempre acabasse matando a minha “sede” de outras formas, como mergulhando apenas na superfície com snorkel e assistindo tantas vezes aos documentários da Discovery sobre o fundo do mar que seria capaz de substituir o narrador se fosse preciso.

Sexta-feira passada isso mudou. O céu acinzentado anunciava que estava por vir mais um final de semana frio em São Paulo. Mas dentro de mim sentia um calor no peito muito especial: talvez fosse minha criança interna percebendo que desta vez mergulharia “de verdade”! Saí do trabalho já com a mochila nas costas com nada além do que iria precisar: biquíni, toalha, uma roupa de frio e o material didático da  escola de mergulho, que havia recebido alguns dias antes pelo correio. Assim, meu namorado e eu partimos para a rodoviária do Tietê, em São Paulo, onde pegamos um ônibus com destino a Cabo Frio, no Rio de Janeiro. As nove horas de viagem passaram como se fossem trinta minutos, graças ao sono que nos fez “apagar” durante o trajeto. Chegamos lá às seis da manhã e partimos então para mais uns vinte minutos de carro até Arraial do Cabo, cidade sede da nossa escola de mergulho (não há ônibus diretamente de São Paulo para lá, mas as cidades são muito próximas uma da outra, o que resolve o problema).

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A aula começaria às sete em ponto. Seriam doze horas entre teoria e prática no sábado e mais doze no domingo para finalmente ter uma certificação de mergulho amador. Meu namorado, que já havia feito o curso básico,  foi direto para o Cais, para as aulas do curso avançado, que englobariam mergulho em profundidade e mergulho noturno.

As cidades de origem dos outros sete aprendizes da minha turma evidenciavam que meu “fast mochilão” para mergulhar estava acontecendo na época certa: apenas um deles morava perto da escola, todos os outros eram de cidades mais distantes. Arraial do Cabo é conhecida por ter alguns dos cursos de mergulho com melhor custo-benefício do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, quem deseja iniciar a prática terá, na maioria das vezes, que fazer o treinamento em um final de semana na piscina e em outro final de semana aquilo que as escolas de mergulho chamam de “check out”, que é uma prática no mar. Para isso, o valor e o tempo chegam a ser mais do que o dobro. Além disso, na baixa temporada há outros benefícios: descontos, promoções, vale-mergulho e, de quebra, no inverno os cursos são muito mais vazios, o que otimiza o tempo de aula.

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Toda a parte da manhã de sábado foi sobre teoria de mergulho: os nomes dos aparelhos, como montá-los, o que fazer se o oxigênio acabar, etc. Em seguida, partimos para a prática na piscina, onde usamos toda a roupa e os aparelhos que são utilizados no mar, mas com a diferença que qualquer problema ou erro não causa nenhuma dificuldade. Depois disso, partimos para as águas abertas e é aí que a diversão começou de verdade. Repetimos, então, os mesmos procedimentos da piscina e fomos aliados pelos instrutores em uma série de competências  práticas. O único problema foi o frio, que não deu trégua mesmo com a roupa neoprene.

No fim do dia, após uma pizzada para repor as energias, dormimos todos na própria escola de mergulho, cujo alojamento é gratuito para os aprendizes. No dia seguinte, revigorados, estávamos todos na sala de aula bem cedinho, para concluir as aulas teóricas. Depois, prova com cinquenta testes, obrigatória para termos nossa certificação, mais mergulho e prova prática final.

Ainda encantada com as arraias, lulas e peixes que acabara de ver, era hora de comer um lanche rápido na padaria e pegar o ônibus de volta a São Paulo, para dar tempo de tomar um banho e já partir para o trabalho novamente.

Mas sabe o que foi mais surpreendente? Não foi o mundo subaquático o ápice deste curso. O que mais fez meus olhos brilharem foi descobrir no mergulho um esporte coletivo por natureza, no qual tão importante quanto aprender a controlar o próprio oxigênio é cuidar do oxigênio do outro, aprender a ajudar, mergulhar sempre em dupla ou grupos. É um esporte cooperativo por natureza, onde o que vale é a diversão e a interdependência. Não há ganhador, não há perdedor, não há diferença de idade embaixo d’água e há muitas formas adaptadas de mergulho, até mesmo às pessoas com deficiência.

É…. Também existe muito encanto no mundo fora d’água!

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Estela Marcondes

Estela Marcondes é Terapeuta Ocupacional, acompanhante terapêutica e encantada pelas "linguagens" do mundo, além da verbal. Algumas vezes pensa que a palavra foi inventada por alguém que estava com preguiça de usar os outros sentidos para dizer como se sentia. Adora LIBRAS, dança, trabalhos manuais, música, observar demonstrações explícitas de carinho e elefantes!

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