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自由

por Adolfo Caboclo, 24 de abril de 2014
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Esse título está em japonês. Segundo o tradutor do Google, significa Jiyū — em português, Liberdade.

Ontem propus para um quarteto de amigos uma ideia bem simples, mas absolutamente agradável: sair para jantar no restaurante mais tradicional que encontrássemos na Liberdade — bairro oriental de São Paulo — e posteriormente desbravar bares bem típicos da região através de dicas de garçons e taxistas locais.

Entrada do restaurante Aska

foto 1Então fomos para a nossa primeira parada, na rua Galvão Bueno (ô mal gosto pra escolher nome de rua), no restaurante Aska. Um lugar com muitos tipos de lamen e predominantemente frequentado por descendentes de japoneses, além de ser tido, por muitos, como o detentor do “melhor guioza da cidade”. De fato, era um bom começo para a nossa jornada. Um lugar com letreiro em japonês; muitos descendentes nipônicos; cardápio meio em português, meio em japonês e com uma comida realmente tradicional da terra do sol nascente. Como sou vegetariano — ou “o mala do vegetariano”, como diriam meus amigos — acabei pedindo um prato chamado Hiyashi Chuka: um macarrão frio com legumes. Lascado de bom!

No final das contas, nosso quarteto pediu mais comida do que aguentava e pagamos apenas R$ 20,00 cada. O preço das coisas por lá foi uma surpresa agradável. Por R$13,00 é possível comer um lamen generoso, maior do que o seu estômago e que é, com certeza, uma das pérolas gastronômicas da cidade. Se compararmos com o preço de redes de fast food de comida pseudo-japonesa (os cariocas chamariam de “koni”), podemos ver uma diferença brutal, com preço mais alto e muito menos qualidade.

Então, já alimentados, fomos “caçar” um lugar pra tomar um sakê. Um taxista nos indicou um bar na rua de baixo. Ao chegarmos nos deparamos com um balcão cheio de pessoas falando japonês. Elas nos olharam como “forasteiros” e disseram com um sotaque carregado que o bar estava fechando. Pedi uma sugestão de outro estabelecimento para irmos e acabamos voltando para a “rua com nome de locutor babaca”, e foi lá que eu, definitivamente, me senti em Tóquio.

foto 5 Restaurante Kabura

Digo isso porque entramos no restaurante Kabura. Uma casa com música ambiente típica japonesa, tatames para sentar ao redor das mesas, objetos como máscaras e mapas antigos expostos, e claro: um balcão com garrafas e mais garrafas de sake e shochu (uma cachaça japonesa doidíssima). Sentamos no balcão e ficamos bebendo e vendo o dono do local preparar um dos grelhados que são vendidos por lá — no caso, um robalo. Assumo ter me sentido no filme do Kill Bill e quase pedi pro cara forjar para mim uma espada Hattori Hanzo.

foto 1

O principal problema, tanto do Kabura como do Aska, é que eles também são tradicionais na hora de receber, ou seja, não aceitam cartões de crédito e débito. Então, depois de beber uma garrafa de sake, foi a hora de dizer sayonara e irmos pro nosso próximo endereço. Este tinha que aceitar cartão, pois nossa grana já tinha acabado. Era 1h da manhã e quase tudo estava fechado por lá. Quase tudo.

Fomos então pro destino mais mainstream do bairro, mas sem dúvidas, o mais animado também (além de fechar bem tarde), a Choperia Liberdade.

Pra quem não conhece, a Choperia é um lugar que tem karaokê, muitas mesas de sinuca, um sushi bar e um bar de espetinhos. Com certeza é a decoração mais kitsch que meus olhos já apreciaram. E vocês acham mesmo que eu não subi no karaokê com uma garrafa de saque “na cachola”?! Foi um papelão! A noite começou tipicamente japonesa, mas terminou ao som de Waldick Soriano. Não teve jeito, afinal de contas, eu estava num Japão que fica a dez minutos da minha casa.

foto 4 foto 3 foto 2

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

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