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Andando pela estrada mais perigosa do mundo…. de bike!

por Estela Marcondes, 17 de março de 2014
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Se você, assim como eu, sente que a bicicleta é cada vez mais a “queridinha” nos meios de transportes, certamente busca destinos possíveis para andar com a magrela pelo mundo. Pois bem. O Gato, no rolê pela Bolívia (ainda não leu? Clique aqui, ó) extravasou sua veia esportista-curiosa na estrada considerada a mais perigosa do mundo e saiu ainda mais VIVO desta que é chamada  “Estrada da MORTE”.

A Deathroad, ou ainda Downhill, como dizem os gringos que diariamente chegam por lá, é de fazer qualquer “meia-roda”, “bração” – e qualquer outro apelido de mau gosto para quem não é lá aqueeelas coisas no volante – ficar de cabelos em pé. São aproximadamente três mil e quinhentos metros de altitude e sessenta e cinco quilômetros de pura adrenalina (e um bocado de poeira) em uma estrada de terra tão estreita quanto a cinturinha da Joss Stone. Esta estrada já foi a única ligação entre o planalto de La Paz e as terras tropicais dos Yungas. Hoje, ela é usada para o transporte de madeira por alguns caminhões, como rota “alternativa” e, claro, por doidos sem medo de altura apaixonados por bicicleta. O turismo boliviano não deixou passar esta chance e tem investido neste roteiro. Assim, em diversas cidades bolivianas é possível encontrar agências turísticas que vendem o pacote completo, que inclui: aluguel de equipamento de proteção e mountainbike, transporte em van até o local da descida e de volta à cidade, guia bilíngue, no melhor estilho “espaglês” (espanhol com inglês), e alimentação durante o dia. Por 400 bolivianos (o equivalente a aproximadamente 120 reais), a diversão está totalmente garantida. E alguns bons machucados também, caso você não seja cuidadoso.

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Vestindo a roupa de proteção e um capacete daqueles que cobrem o rosto todo (ou pensou que dava pra encarar a Estrada da Morte com aquele capacetinho que só vai até a testa?), meu namorado e eu mais parecíamos Power Rangers na versão esportista. Antes de descer, a temperatura em La Cumbre, que é o ponto de partida, é bem fria, devido à altitude de mais de quatro mil e seiscentos metros.

Respirei fundo, soltei o freio da magrela e me deliciei com o passeio de bike mais incrível da minha vida! O ar frio e a sensação de entrar no meio das nuvens fazia com que eu sentisse cada partezinha do meu corpo extremamente viva, o que me fazia rir por pensar em quanto esta sensação era contraditória ao nome da estrada. A bike trepidava bastante (muito mesmo) devido às pedrinhas e pedregulhos no caminho, que somadas à velocidade considerável, me fizeram sentir da mesma maneira que eu imagino que me sentiria em um terremoto.

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Na Estrada da Morte, as curvas são inúmeras e não é raro ter que cruzar um riacho durante o percurso ou tomar, literalmente, um banho de água fria de uma das cascatas naturais que recaem sobre a estrada, vindas de um ponto mais elevado da montanha. O mais bizarro do passeio sem dúvida nenhuma foi cruzar com alguns poucos caminhões e pensar o que os caras têm na cabeça para estarem naquele lugar (ou, o que é pior e mais provável, quais condições lamentáveis de trabalho a que estão submetidos para se sujeitarem a isso). Fato é que não há outra opção a não ser parar, encostar bem a bike no canto da estrada e gritar o som mais alto que a garganta pode emitir para alertar os companheiros de trás sobre o que vem pela frente. Para uma bike só, a estrada até que não é tão perigosa (a não ser que se queira tentar manobras radicais ou qualquer coisa do gênero). Mas, cá entre nós, para uma bike e um caminhão JUNTOS, a Deathroad é realmente muito mais death do que road.

Com algumas paradas durante o percurso, para ter certeza de que todos os colegas de aventura estavam bem e para tirar algumas das blusas (já que ao descer e atingir uma altitude de pouco mais de mil metros o clima é tropical), terminamos nossa jornada imaginando (sabiamente) que teríamos algumas dores musculares durante os dias seguintes que nos fariam lembrar este dia espetacular.

Está curioso para saber se a estrada é perigosa mesmo? Nos últimos quinze anos, conforme nos relatou o guia turístico, há no local uma morte por ano de ciclista, algumas dezenas de mortes por acidentes automobilísticos (que, antes da construção da nova estrada, eram mais de trezentas anualmente, o que representa uma proporção imensa se relacionadas ao número de pessoas que passam por lá) e acidentes com ferimentos leves e leves/moderados a cada passeio: “sem dúvida nenhuma, mais de uma queda todos os dias”, informou ele. Enfim, tire suas próprias conclusões… Mas se você curte um friozinho na barriga, não deixe de passar por lá em algum momento da sua vida!

DCIM102GOPRODCIM102GOPRO DCIM102GOPRO Fotos por Gustavo Furuta

Se você quer viajar para a Bolívia ou qualquer outro país e ter o roteiro desses e de inúmeros outros lugares, fale com a nossa agência de viagens do Não Só o Gato! Mande um e-mail para o viagens@naosoogato.com.br 

Estela Marcondes

Estela Marcondes é Terapeuta Ocupacional, acompanhante terapêutica e encantada pelas "linguagens" do mundo, além da verbal. Algumas vezes pensa que a palavra foi inventada por alguém que estava com preguiça de usar os outros sentidos para dizer como se sentia. Adora LIBRAS, dança, trabalhos manuais, música, observar demonstrações explícitas de carinho e elefantes!

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