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Ateliê de Máscaras – “Quem é você…”

por Adolfo Caboclo, 17 de outubro de 2013
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Foi com um sentimento meloso, como notas de alaúde, que fui até o Ateliê de Máscaras, onde a Ariane, uma das sócias do local, me esperava pra contar um pouco de uma “pequena Veneza” incrustada no cinza, “pantone SP13”, da Paulicéia.

Dos meus 3 aos 4 anos de idade morei no Rio de Janeiro, em uma Barra da Tijuca ainda com ares interioranos. Lá aprendi que carnaval é colocar uma máscara de Bate-Bola, pegar um “bolão” e sair pra rua. Na época, também ganhei um boneco do Pierrô. Romântico e lúdico que sou, sempre associei o carnaval com a figura de um clown desgraçadamente apaixonado por uma Columbina “Bitch”.

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Ao chegar no Ateliê cruzei a porta de entrada e um gato saçaricou pelos meus pés, olhei ao redor e vi, como era de se esperar, infinitos rostos de papel marche e fios dourados. A Ariane estava atendendo alguns futuros mascarados e logo depois veio falar comigo: ” O Ateliê já tem mais de 20 anos, veio com a minha mãe que foi pra Veneza, se apaixonou e se especializou lá”, explicou a moça que atende todos os tipos de clientes imagináveis. Além de festas, o Ateliê também fornece máscaras para produções de novelas, ensaios fotográficos, artistas circenses e até mesmo fetichistas.
Como sou um artista plástico frustado, fiquei absolutamente encantado com a técnica das infinitas máscaras da casa, imaginando o trabalhão que deve ser pra fazer cada uma. 95% de tudo que tem na loja – além de máscaras eles tem trajes e até mesmo uma gôndola – é de Veneza ou fabricado com técnicas venezianas. “O carnaval de Veneza é no inverno, então é sempre bem frio, os trajes venezianos não condizem com o clima do Brasil, então a gente adaptou”, comentou a Ariane ao explicar que a loja também faz todo um trabalho de tropicalização das suas peças, principalmente com o uso de tecidos mais leves.

Nesse papo eu também descobri que as máscaras mais procuradas são as do Fantasma da Ópera e a do V de Vingança (claro), e que, além delas, tem outras que “bombam”, como a que o Tom Cruise usou no “kubrickiano” “De Olhos Bem Fechados”, uma toda espelhada usada pela Lady Gaga e a máscara do “Cinquenta Tons de Cinza”. E, claro, também fazem muito sucesso as máscaras clássicas, como as do teatro grego – tragédia e comédia – e as da Commedia dell’arte: Pierrô, Columbina, Pulcinella, Naso Turco, Pantaleone e cia. Inspirador, não? Deu até vontade de escutar uma musiquinha…

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masc2Fotos por: Adolfo Martins

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

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