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Jazz sessions na rua do Rosário

por Marina Ribeiro, 20 de dezembro de 2013
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É uma delícia, pouco a pouco, descobrir a cidade em que se vive. Seja ela a que nascemos ou a que optamos por morar. Aquela surpresa escondida, aquela viela escura ou aquela porta duvidosa que revela um ambiente curioso, artístico, gastronômico… Enfim, sedutor. Foi desse prazer que pude desfrutar quando, há pouco tempo atrás, fui convidada por amigos para escutar um jazz numa brasserie do centro do Rio de Janeiro, em pleno happy hour de uma quarta-feira.

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Ao chegar à Rua do Rosário, ali pertinho do CCBB, o espanto: um beco de pedras envolto em arquitetura antiga, cheio de restaurantes instalados em casarões com mesinhas fofas e convidativas espalhadas por seus espaços internos e externos. Fiquei confusa, “isso é o Rio ou a Europa?”. O sotaque do garçom que nos recebeu na Brasserie Rosário, número 34, não me deixou duvidar – estava em terras tropicais, sim.

A banda já se preparava quando adentramos o recinto e escolhemos a nossa mesa. O ambiente de pé direito alto e o cardápio convidativo formavam uma mistura de sofisticação com a informalidade que o Rio não deixa de ter, mesmo quando tenta. A Brasserie Rosário – vim descobrir – é point do centrão carioca principalmente pós-expediente, e sempre propicia jazz sessions no sobrado que (uau) era utilizado como tesouraria por Dom João VI, lá nos 1800.

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Como se já não bastasse o cenário histórico acompanhado de uma boa cerveja, pastas e pães artesanais, a banda do dia, Guitane, seria responsável por uma bem executada trilha sonora – tocando um gypsy jazz. Isso mesmo, jazz cigano, um estilo criado por Jean “Django” Reinhardt. Nos deliciamos com os sons que o violino, o baixo e a guitarra cigana produziram. Essa mistura de culturas de continentes distintos só poderia, mesmo, resultar numa noite cigana…

Fazendo jus à temática, decidimos conhecer outro ambiente. A companhia dos amigos, a música exótica e o calor da bebida já me tomavam quando resolvemos “pular” ao bar/restaurante ao lado, o Al Farabi. Ah, que rico achado! Ali estávamos, mais uma vez, ao som de jazz ao vivo – nesse caso do tipo clássico. Ainda, num sebo com títulos variados, e eu não sabia se bebia, conversava, assistia ao show ou fuçava tantos livros (esses maravilhosos portais de papel). Ali também havia uma razoável carta de cervejas, para coroar minha distração!

Quando saímos (rumo à saideira em qualquer lugar) vi uma infinidade de outros bares – e possibilidades – no lugar que se chama Arco do Teles, bem ao lado da Rua. Ufa, muita coisa para uma noite só, ficou para a próxima incursão curiosa no centro da Cidade Maravilhosa. Está aí, no entanto, a dica de um Rio de Janeiro certamente diferente daquele que vemos no cartão postal, mas inegavelmente encantador, ah, sim…

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Jpeg Fotos por Marina Ribeiro

Marina Ribeiro

Marina Ribeiro é jornalista e atriz em formação. Ama o teatro e acredita na comunicação em suas mais diversas manifestações – a moda é uma das favoritas. Soteropolitana, morou em São Paulo durante 4 anos e agora respira ares cariocas. No Instagram, ela é @marinaribei.

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