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Circo Digital #4 – Tecnologia, arte e diversão

por Marina Ribeiro, 22 de novembro de 2013
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Quando saímos à noite e nos deparamos com um ambiente tecnológico que, mais do que decorar, permite as mais diversas formas de interação entre seus visitantes, temos a sensação de que o futuro chegou. Pelo menos comigo foi assim, na visita que fiz ao Festival Circo Digital #4, que aconteceu nos dias 15 e 16 de novembro no Circo Voador, aqui no Rio de Janeiro, com o objetivo de discutir, exemplificar e permitir as vivências e os impactos tecnológicos na cultura.

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Como a tecnologia pode potencializar a arte? Cheguei cedo ao evento, não só para tentar responder o quanto antes a essa questão, como também para aproveitar a entrada 0800 até às 22h. Dei de cara com a instalação “Simbinoise”, dos Biônicos, que propõe, como explicam os próprios, “uma ponte entre corpos orgânicos através de circuitos eletrônicos”. Oi? Explico: a experiência consistia numa barraca de feira cheia de frutas ligadas a circuitos, produzindo ruídos e sons. A estética era completa com projetores que jogavam luzes e criavam a impressão de texturas na instalação.

JpegMe deixei levar por aquela discotecagem frutífera, batendo em bananas, limões e maracujás para obter os sons, acompanhada de várias outras pessoas que iam chegando e tocando também. Então olhei para trás e vi “Octocloud”: um jogo interativo por Super Uber em formato de escultura, que projetava imagens coloridas, psicodélicas e mega tecnológicas. A interatividade estava rolando solta. Cada um com seu smartphone deveria entrar no wi-fi do jogo e acessar 1.1.1.1 para brincar, até 8 pessoas por vez. A tecnologia não precisa servir apenas para afastar ou esfriar as relações. Ali, inevitavelmente, estranhos trocavam ideias e compartilhavam sensações.

Segui passeando pelas propostas digitais, que também agregavam mobilidade e sustentabilidade, e cruzei com o Bicicletorama Revolução (um jogo de pessoas pedalando bikes reais numa pista virtual). Vi projetos como o Ciclo Rotas Centro e o Quelóides Urbanos, propondo novas e mais orgânicas maneiras de lidar com o espaço urbano. Visitei o Ecossistema de Experiências Sustentáveis Homem Árvore – espaço que exemplificava soluções de produção humanizada e ambientalmente correta na moda, saúde, moradia e decoração (ali vi, por sinal, caderninhos artesanais feitos com livros de escola, cadernos e apostilas usadas… Um lindo trabalho, delicado e particular).

Uma das experiências mais motivadoras e sensoriais de toda essa “digitália” foi assistir (e experimentar) a performance/instalação “Me++”, do Coletivo++. Um espaço no qual a bailarina obtinha respostas visuais e sonoras aos seus movimentos. Entre uma apresentação e outra, podíamos adentrar o espaço – não hesitei e entreguei meus passos à criação de luzes e sons (tentei não me importar com a pequena plateia que assistia). Depois, fui jogar Kinect, enquanto logo ao lado uma galera se esbaldava no Street Fighter.

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Para coroar tanto conhecimento novo transformado em utilidade pública, diversão e arte, a música do festival foi de uma sucessão de projetos experimentais, para dizer o mínimo. Dentre todos, destaco o showzasso dos Psilosamples+Otto (mixagens, rap e música brasileira, all together), e as seleções do Quintavant: uma série de artistas dispostos a colocar em prática um improviso coletivo e sons que passam longe de qualquer caretice ou engessamento musical. Valeu conhecer, ouvir, sentir e viver novas formas de coexistir e celebrar: digitais sim, tecnológicas sim, mas conectadas com a natureza, humanizadas e legais pra car@#$&!
JpegJpeg Jpeg Jpeg JpegJpegFotos por Marina Ribeiro

 

Marina Ribeiro

Marina Ribeiro é jornalista e atriz em formação. Ama o teatro e acredita na comunicação em suas mais diversas manifestações – a moda é uma das favoritas. Soteropolitana, morou em São Paulo durante 4 anos e agora respira ares cariocas. No Instagram, ela é @marinaribei.

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