Star Wars Run: O dia em que macacos corriam no centro de São Paulo
Não sou fã de Star Wars e confesso que nunca assisti algum dos filmes da saga até o final. A discreta simpatia que tenho pela Ordem de Jedi tem a ver com as minhas memórias de uma infância vivida no final da década de 80 e em todos os anos 90, época em que as brincadeiras na escola e na rua já eram impregnadas de elementos do tão famoso “Guerra nas Estrelas”.
Os anos se passaram e em 2012 tive vontade de ir assistir à versão 3D do Star Wars. Vontade que acabou não saindo do plano das ideias até hoje. Mas de corrida, sim, eu entendo! Como fã e praticante do esporte, procuro estar atenta aos eventos que estão prestes a rolar, para garantir minha participação se o visual for bacana, se a corrida me parecer interessante ou ainda se for uma sugestão do treinador. Assim, quando ouvi falar em corrida em homenagem ao “Dia Mundial de Star Wars”, achei a coisa mais bizarra do mundo! Para ser sincera, a primeira coisa que veio à cabeça foi: “era só o que faltava! Agora tem “dia mundial” pra tudo! Daqui a pouco tem o “dia mundial do sapato marrom”, “dia mundial da bailarina de meia-calça furada”, “dia mundial do gato curioso” (se bem que esta última data até que não me parece má ideia). Logo depois, esta sensação de estranheza foi se transformando em curiosidade, que cresceu quando soube que o evento seria à noite e no centro de São Paulo. A pulga atrás da orelha coçou ainda mais com a notícia de que o kit de participação para os que se inscrevessem viria com máscara no melhor estilo intergaláctico! Para os primeiros colocados, o prêmio parecia muito atrativo: viagem com acompanhante para Orlando. Para as melhores fantasias, seriam distribuídos prêmios e brindes também – maneira perspicaz da organização de garantir que os corredores estivessem a caráter.
Pensei em participar, mas desisti ao ver o preço salgado das inscrições. Achei que seria mais divertido ver a corrida do lado de fora. Foi assim que cheguei às dez da noite em ponto no Memorial da América Latina, onde seria a largada. Por lá, a “cara” era mais de balada do que de corrida: muita luz, fantasia e música alta. Depois, descobri que a largada seria só após a meia-noite, no primeiro minuto do dia 4 de maio. O motivo? Sabe a tão famosa citação do filme: “May the force be with you” (“que a força esteja com você”)? Em inglês, a frase forma o trocadilho “May the fourth be with you”, fazendo alusão à data 4 de maio.
Achou tudo isso uma viagem? Então tá tudo certo, objetivo atingido: viagem, estrelas, Star Wars… era este o espírito!
Mas, se correr 6Km com roupas leves já não é tarefa simples para a grande maioria dos “mortais”, fiquei pensando como os fãs correriam com fantasias e máscara. Alguns, de fato, correram. Acontece que muitos deles foram apenas assistir à corrida e grande parte dos atletas estavam mais interessados na festa e na corrida do que no Star Wars propriamente dito. Contudo, tive o privilégio de conversar com o Rodrigo Fonseca, que além de fanático é um atleta amador com “sanguenozóio” de profissional. Ele correu os 6Km fantasiado de Chewbacca! Moleza para quem está acostumado com os 42Km das maratonas! Até agora não sei se era ele mesmo que estava a caráter ou se foi o Chewbacca que correu fantasiado de Rodrigo, para evitar o assédio. Não sei…Veja as fotos e tire suas conclusões!
Rodrigo — “A ideia partiu da minha namorada, que encontrou fantasia. Era quente, e São Pedro não colaborou: a noite não estava fresca.
A máscara original era medonha (parecia mais um Ewok), aí consegui essa de látex com uma amiga que trabalha na Disney. Quando cheguei no local da corrida e vi que as pessoas passavam, riam e falavam da fantasia, desconfiei que faria sucesso… Passei perto de uma equipe de TV e os caras saíram correndo pra pedir uma entrevista. Esses mesmos caras (Sportv) estavam me esperando na chegada. Me senti uma celebridade ! Muitas pessoas mesmo me pediam pra tirar foto. Já na área de largada, comecei a perceber que não seria fácil com aquela temperatura. Na espera, mais fotos dos aficionados pela série, selfies, etc.
Por volta do quilômetro 4, havia muita gente caminhando. Nessa hora ouvi muitos ‘vai Chewie’ e grwwwhh (o grunhido característico do personagem que era reproduzido com uma facilidade que eu confesso não compreender). O calor insuportável dentro da fantasia, somado à dificuldade de respirar dentro da máscara de látex me fizeram parar num posto de hidratação para um refresco. Joguei 1 copo na cabeça, bebi outro, e quando me preparava pra voltar a correr, veio o pedido de uma fã mirim. Ela estava do outro lado do minhocão e fui até ela e sua família. Tiramos fotos e então os corredores que nós havíamos ultrapassado começaram a parar e pedir fotos também. Ficamos uns 15 minutos assim até que deu pra voltar a correr.
Na chegada, mais fotos, a entrevista e muita gente me perguntando se eu havia corrido os 6 km daquele jeito, desacreditando da minha insanidade.Tirei foto com um grupo de japoneses, que me diziam: ‘Caro, caro’ e apontavam pra roupa de pelúcia. Queriam falar do “calor”, imagino eu (risos). Foi uma experiência divertidissima, e muito quente também…
Mas a lembrança que fica pra mim é o carinho e veneração que os fãs da série tem pelo personagem mais peludo de Star Wars. Que a força e a endorfina estejam com você!”
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