Host NSG: Holly Golightly na Virada Cultural

por Adolfo Caboclo, 15 de maio de 2014
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Não sei exatamente quando conheci a Holly. Certo que não foi nem pelos escritos de Truman Capote e nem pela película de Blake Edwards. Creio que a conheci em preto e branco, com seus lábios finos, ela usava luvas negras, assim como o seu vestido. Era impossível não reparar na piteira enorme que ostentava o seu cigarro — se eu fosse adivinhar a marca de seus cigarros, com certeza eu arriscaria dizer que é um Charm. Certa vez Holly se casou com um brasileiro e tenho certeza absoluta que ela aprendeu a fumar cigarros Charm por aqui. Enfim, agora me lembro. Está claro como a lua cheia que agora flutua na minha janela: eu conheci Holly ainda criança, em uma foto da atriz Audrey Hepburn. Sim. É isso, eu conheci Holly neste instante.

E agora ela virá pra São Paulo, meu Zeus! Já fazem mais de 50 anos que ela abandonou o George, um gato e milhões de corações na Big Apple para vir morar por algum tempo no Brasil. Se bem que, ao contrário do livro de Capote, no filme de Blake Edwards ela acaba não abandonando os seus amados. Não interessa! Ela está vindo. Não só sem gato, mas sem George, pra passar a Virada Cultural aqui ao meu lado.

Ainda bem que eu já pensei em tudo. Absolutamente tudo… menos no meu terno, que preciso passar. Meu chapéu e suspensórios estão ok. Bem, vamos lá.

André Christovam – Mandinga (6h no Teatro Municipal)

Rá! “Holly, darling, this is São Paulo! Essa exuberância toda é o nosso Teatro Municipal, uma das construções mais lindas da cidade desde 1911″.

Vou começar o meu domingo com Mrs. Golightly bem cedinho, às 6 da matina, para ver o André Christovam, “o pai do blues no Brasil”, tocar no palco mais belo da Virada.

Claro, não estou sugerindo isso apenas pelo show, ou pelo lugar, mas também estou sugerindo esse programa pelo horário. Ele deve acabar por volta das 8 da manhã, horário perfeito pra irmos na frente de uma das duas Tiffany & Co da cidade (sim, São Paulo tem duas Tiffanys), e tomar um café da manhã olhando para a vitrine. Vou sugerir pra Holly experimentar o pão de queijo da nossa terra. Estou certo que será uma experiência formidável!

Tulipa Ruiz (10h no Palco Líbero Badaró)

Assumo que não será uma ideia muito boa ir até a Tiffany no ponto de vista prático, afinal de contas, pertinho de onde estávamos, no palco Líbero Badaró, a Tulipa Ruiz vai se apresentar. E que voz tem essa moça Tulipa, fico imaginando aqui, nos meus sonhos, um dueto com ela e a Holly, cantando Moon River. Ok. Talvez nesse caso, apenas nesse caso, a Tulipa ficaria pequena no palco.

https://www.youtube.com/watch?v=FHpp2S1D_Do

Juliana Motter – Maria Brigadeiro (Minhocão)

Levarei Holly para almoçar na feirinha gastronômica que irá ter no Minhocão das 8 às 20h. Não sei o que ela vai querer comer, afinal de contas será uma gama enorme de iguarias para se apreciar, mas farei questão de fazer ela experimentar o brigadeiro do Maria Brigadeiro. Nenhuma mulher resiste a tal doçura, nem mesmo uma Bonequinha de Luxo!

Céu interpreta Catch a Fire, de Bob Marley (17h no Palco Rio Branco)

Irei chegar tristonho no palco da Avenida Rio Branco, pois me lembrarei que perdi os shows de Otto cantando Martinho da Vila (23h) e do Cidadão Instigado cantando Pink Flod (3h). Claro. Toda a tristeza passará quando a Céu aparecer, por volta das 17h, para encerrar a virada cantando o som do rei Bob Marley. Esse momento será mágico, tão mágico como será o desaparecimento de Holly, depois do show, indo parar em algum outro canto do mundo. Mais uma vez, assim como em Nova York, ela abandonará um Gato*.

*Isso não é um auto-elogio, mas o apelido carinhoso como os colunistas do Não Só o Gato se chamam.