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Highline, espetáculo nas alturas

por fesigiliao, 10 de abril de 2013
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Se tem uma coisa que nós cariocas não podemos reclamar é da variedade de esportes outdoor que o Rio de Janeiro oferece. Com suas praias e montanhas, em um único dia é possível subir a Pedra da Gávea, dar uma volta de bicicleta na Lagoa, e ainda, um mergulho na praia. E dentre os muitos esportes adotados pelos cariocas, o Slackline tem se destacado, chamando atenção e conquistando adeptos tanto nas praias cariocas quanto também de Niterói.

O que muita gente não sabe é que existem diversas variações do Slackline. O Trickline é003x a modalidade mais praticada e ampla, a fita se posiciona a 1,20m de altura e o foco é nas manobras e na técnica do praticante; Já o Longline é a prática do Slackline em fitas com mais de 30 metros – podendo chegar a mais de 300 metros – e que exige mais resistência e praparo físico, uma vez que quanto maior o comprimento da fita, mais força e equilíbrio são necessários; Há ainda o Waterline, que é a prática do Slackline sobre a água, e o Highline, a modalidade que requer mais conhecimento e experiência, pois a fita é colocada nas alturas, a dezenas ou centenas de metros do chão.

Apesar do Slackline estar super na moda no Brasil, o Highline ainda está se desenvolvendo e poucas pessoas o praticam. Na semana passada, conversei com o Allan Pinheiro, vencedor do campeonato carioca de Slackline em 2010 e Diretor de Marketing da Gibbon no Brasil, a principal marca de produtos de Slackline no mundo, para conhecer melhor esse esporte de gente corajosa, que se encaixa perfeitamente nas curvas das montanhas do Rio.

O Allan me explicou que a base do Highline é força, equilíbrio e muita concentração. E que dois conhecimentos complementares formam um praticante de alto potencial: a escalada e, claro, o Slackline.

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O esporte é intenso e isso dá para notar. Para atravessar 32 metros, leva-se por volta de 4 minutos, e 42 metros, cerca de 8 minutos. Estar nas alturas, é claro, faz toda diferença, em uma fita de 55 metros, pertinho do chão, o Allan já fez a travessia em 1min e 17segs.

A maior inimiga ou aliada é a mente, o controle das emoções, da adrenalina e o conhecimento adquirido com a prática. O esporte é avaliado em cinco critérios: dificuldade, amplitude, técnica, estilo e criatividade. O Highline está relacionado ao desenvolvimento de estilos e a consciência corporal. É quase performático, mais próximo de esportes como surfe e skate, onde cada  atleta desenvolve um estilo próprio, e mais distante da ginástica olímpica, que é mais rígida e menos livre. Por isso, cada atleta atravessando a fita é diferente do anterior, cada um expressa seu estilo e sua técnica.

E muitos fatores influenciam no estilo de cada atleta. O controle da respiração, o posicionamento do corpo, o controle da adrenalina e a concentração, mas acima de tudo, o conhecimento pessoal. É curioso notar que muitos praticantes cruzam a fita ouvindo música no iPod de reggae a rock n’ roll – para alguns a música é uma forma de ajustar os batimentos do coração e de se manter mais focado.

O Allan também contou que praticar uma atividade complementar é super importante 002xpara a prática do esporte. Além das atividades fundamentais como a escalada e o Slackline, yoga e natação, também são ótimos para treinar concentração e controle da respiração, sendo yoga ainda mais bacana por também  treinar o equilíbrio.

Alguns atletas, como Andy Lewis, que recentemente esteve no Brasil, são tão confiantes e experientes, que também praticam o Freesolo, que nada mais é do que atravessar a fita sem estar conectado a equipamentos de segurança. Além do Free slack, Andy Lewis também pratica AcroYoga, movimentos de alongamento, de força, explosão e resistência da yoga, em cima da corda.

Apesar do primeiro Highline ter acontecido há mais de vinte anos, há apenas quatro ele começou a aparecer na mídia. Para Allan, “Esse é o momento de desenvolver tudo que já é conhecido de anteriormente e experimentar novas possibilidades de criações que podem ser realizadas.”. Ele aposta que daqui há vinte anos o Trickline será esporte olímpico. Mas se depender de torcida para admirar o espetáculo, quem sabe no futuro, o Highline também se torna competição olímpica? Afinal de contas, todo mundo já sonhou pelo menos uma vez em voar.

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Fotos por Nelson Porto.

Fernanda Sigilião

Fernanda Sigilião é publicitária e atualmente mora em Londres. Fã de Beatles a Coltrane, além de música, também ama viajar. Se interessa por arte em geral, sociologia e filmes antigos, já viu ‘A Noviça Rebelde’ mais vezes do que é socialmente aceito.

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