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Gutemberg: uma deliciosa feira literária em Niterói

por Ana Ullmann, 2 de abril de 2014
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Eu amo livros. Amo mesmo. Sabe aquelas pessoas que têm uma pilha de livros que aumenta tanto que a capacidade de leitura não consegue acompanhar?  O livro que estiver lendo no momento vai sempre comigo na bolsa, não importa para onde for. E se eu esqueço em casa me sinto como se tivesse deixado minha carteira ou meu celular. E esse amor tão intenso vem desde criança. Desde que aprendi, desatei a ler e não parei mais.

Por ser tão apaixonada por leitura e tudo relacionado a livros, é um pouco óbvio eu ter um carinho especial por livrarias. Em Niterói, infelizmente restaram poucas. As pequenas são raríssimas, e sebos, então, dá para contar nos dedos.

Uma das livrarias mais tradicionais de Niterói chama-se Gutemberg. Tradicionais também são alguns dos vendedores, verdadeiros livreiros que trabalham lá há décadas. Os vendedores conhecem quase qualquer livro e autor que você for procurar. Se você quer algum que eles não têm na loja, pode ter certeza que vão fazer o possível para conseguir para você. O Silva, com quem conversei, é um deles. Mais de 30 anos trabalhando na livraria mostram o amor pela empresa e, principalmente, pelos livros.

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A tradição da livraria e o profissionalismo dos livreiros são incríveis, mas o motivo de eu estar falando sobre eles é para engatar o assunto no que chamo de “feirinha da Gutemberg”.

Começou aos sábados, alguns meses atrás. Do lado de fora da livraria, que fica na porta de uma galeria, ficam umas mesas grandes cheia de livros, todos com descontos. Tem todo tipo de livro: autoajuda, infantil, ficção, histórico, o que você imaginar. Alguns são muito baratos, outros nem tanto, como os de fotografia, arte ou receitas, que são bem mais caros que a maioria, mas ainda assim têm seus preços rebaixados. Imagine a minha satisfação de bibliófila quando visitei a feirinha pela primeira vez. Saí de lá com seis livros a mais nas mãos e apenas 60 reais a menos no bolso.

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Admito: a princípio achei que fosse uma espécie de queima de estoque, que eles fossem fechar as portas. Me deu um aperto no peito imaginar uma livraria a menos funcionando e para onde iriam os vendedores tão atenciosos que há tantos anos atendem seus clientes pelo nome. Seria mais uma rachadura no incentivo ao desenvolvimento da inteligência e imaginação.

Felizmente, eu estava errada. A feirinha foi um sucesso, tanto que passou a acontecer semanalmente, às sextas e aos sábados. Já está ficando conhecida e sempre enche, inclusive de crianças. Desde o começo tinha me chamado a atenção o fato de que mais ou menos um terço dos livros expostos ali são infantis. É ótimo: as crianças chegam, veem aqueles livros grandes, coloridos e ficam imersas naquele mundo divertido. E aí, enlouquecem os pais porque querem levar todos.

Durante a minha agradável conversa com Silva enquanto ele fumava seu cigarro, descobri que a Gutemberg, por conta da tradição, prosperou — ao contrário da maioria de seus concorrentes. A cada ano a livraria aumenta o suficiente para se manter atuante. Inclusive, vai ser reformada. O segundo andar, que hoje é o estoque, vai passar a fazer parte da loja também, com estantes para exposição de livros à venda. Além disso, outras duas áreas que também passarão por reforma irão virar uma área exclusiva para livros infantis, com direito a brinquedoteca. Enquanto isso não acontece, eles planejam levar a feirinha para uma loja que foi alugada, o que poderá fazer com que a feira aconteça por todos os dias da semana.

Quando o Silva terminou seu cigarro e eu fui embora para deixar o homem trabalhar em paz, saí de lá repleta de alegria. Além de saber que a livraria vai continuar firme e forte, foi gratificante ver a importância que eles sabem que deve ser dada à formação de crianças leitoras. Ao contrário das pessoas que têm o hábito de ler, como eu, os pequenos precisam daquele empurrãozinho para continuar lendo, mesmo se aparecer no caminho um livro chato ou difícil. E o incentivo de um fomentador de curiosidade é impagável. Ter tantas opções à disposição e tantos estímulos juntos ajudam e muito a formar um leitor. Esses pequenos leitores vão ser nossos futuros pensadores, então tomara que apareçam mais e mais iniciativas como essa. Pra quem estiver do lado de Niterói, vale a visita. A Gutemberg fica na rua Cel. Moreira César, 211.

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Ana Ullmann

Ana Carolina Ullmann é publicitária por formação e empresária por empurrão. Apesar de um pouco rabugenta, é uma boa pessoa. Não vive sem yoga, esmaltes, livros, Dalí e Nina (seus gatos) e café.

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