Assuntos

Os segredos da Zona Portuária carioca

por fesigiliao, 3 de julho de 2013
, ,

Por Fernanda Sigilião e Rafael Gota

Além do MAR e dos animados eventos na Pedra do Sal, a Zona Portuária, que foi um dos locais mais ativos no período colonial brasileiro, também possui um circuito histórico ainda pouco popular, mas incrivelmente fascinante. A começar pela própria Pedra do Sal, conhecida historicamente como parte da região Pequena África e mais recentemente, pela boemia carioca, como a nova Lapa.

Foto 1

Entre outros locais, se destacam também o recentemente reformado Jardim Suspenso do Valongo, construção aos pés do Morro da Conceição idealizada pela administração Pereira Passos no início do século XX, e o Cais do Valongo/Imperatriz, redescoberto com as obras do “Porto Maravilha” e que foi a porta de entrada de quase 1 milhão de escravos para o Brasil e também o porto de chegada da Imperatriz Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II. Outro ponto histórico, mas já meio decadente, é o belo Hotel Barão de Tefé, famoso por hospedar artistas e políticos no período da “belle époque”.

Foto 2O roteiro turístico cultural daquela região envolve outros lugares não tão famosos, mas igualmente ricos em tradição. É o caso do Restaurante 28, na Gamboa. O lugar tem caraFoto 3 de “pé sujo”, mas jeito de relíquia.  Nem é preciso conhecer sua história para perceber isso, basta um almoço para identifica-lo como um verdadeiro símbolo histórico. Inaugurado em 1910, o restaurante era ponto de encontro de estivadores que aguardavam a chegada dos navios no cais. Desde então ele parece não ter mudado muito, e ainda conserva um aspecto semelhante ao que deve ter sido o da época. O atendimento é outro ponto que torna esse restaurante de porta estreita, um lugar especial, isto porque, os garçons têm muitos anos de casa, e ajudaram a construir juntos a história daquele lugar. Além de claro, serem muito atenciosos e garantirem um serviço rápido.

Outra coisa que parece não ter mudado muito é o valor dos pratos, que é bastante justo. O clássico do cardápio é o cabrito com batatas coradas – que já ganhou inúmeros prêmios de melhor cabrito da cidade -, e foi esse o almoço escolhido para a primeira imersão à gastronomia do 28. Com cerveja gelada à parte, servindo duas pessoas, o prato custa R$25. Outras opções são o polvo à portuguesa, a R$29, e o bacalhau à espanhola, R$60, provavelmente tão saborosos quanto o cabrito.

Foto 4

Foto 5

O 28 também é considerado Patrimônio Cultural Carioca, e está inscrito no Cadastro de Bares e Botequins Tradicionais do Rio de Janeiro. Sua notoriedade já foi destaque em muitos jornais e revistas, e ele cultiva até hoje um público bastante fiel. Nas paredes estão fotos dos principais clientes, e fica fácil imaginar por que aquelas pessoas escolheram o 28 como seu restaurante e bar preferido.

Foto 6

Em uma cidade onde cadeias de bares e restaurantes dominam cada vez mais os bairros, multiplicando sem diferenciação cardápio e serviço, lugares tradicionais que preservam sua personalidade ganham ainda mais valor.  É o caso do 28, um destino precioso que resistiu ao tempo, sem perder o que e possui de mais importante: A sua essência.

 Fotos por Fernanda Sigilião

 

Fernanda Sigilião

Fernanda Sigilião é publicitária e atualmente mora em Londres. Fã de Beatles a Coltrane, além de música, também ama viajar. Se interessa por arte em geral, sociologia e filmes antigos, já viu ‘A Noviça Rebelde’ mais vezes do que é socialmente aceito.

More Posts

Comentários