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Aula de pegação: Da teoria à prática

por fesigiliao, 4 de setembro de 2013
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Primeiro a troca de olhares, o notar e ser notado. Depois entender se o olhar é interessado ou se passou perdido e livre de intenções. Um sinal positivo e aí a aproximação, uma conversa, pra ver se a investida vale a pena. A partir daí, o toque e o desenrolar para quem sabe um primeiro beijo.

Seria fácil se todos os primeiros encontros fossem tão fluidos e naturais, mas para muitas pessoas, o que acontece entre a atração e uma primeira investida, pode ser um árduo desafio. E são em situações como essas, para pessoas que precisam ganhar mais habilidade na arte da conquista, que entra o trabalho do coach de sedução. Um ofício meio terapeuta, meio antropólogo, e bastante didático.

Aqui no Brasil existe uma empresa especializada em ensinar aos homens habilidades associadas à sedução, a PUA Training. Ela foi fundada em 2007, em Londres, e aqui no Brasil é liderada pelo empresário Fernando Fênix. Os serviços de coaching e consultoria são voltados para o público masculino, mas não há dúvidas que as mulheres lotariam os cursos também.

Em um almoço, Fernando me contou um pouco sobre como funcionam os bootcamps e desconstruiu o estereótipo de que os únicos homens com dificuldade na área da conquista são meio nerds e extremamente tímidos. A timidez, na maioria das vezes, até é inerente ao perfil dos alunos, mas Fernando explicou que o grupo pode ser bastante eclético. Ele já recebeu alunos modelos, empresários de alto poder aquisitivo, homens mais e menos bonitos e até gente que juntou dinheiro durante 6 meses para fazer o curso. As idades variam entre 18 e 50 anos.

A formação versátil da turma se explica em parte pelo fato de que, independente do histórico de cada pessoa, a conquista é sempre desafiante, repleta de sinais não verbais e exigente de autoconfiança. O curso ensina como abordar uma mulher de maneira interessante, técnicas de conversação, como despertar a própria autoconfiança, escalação – como desenvolver e evoluir os primeiros toques – , leitura corporal e programação neurolinguística – o princípio de como as palavras podem influenciar a mente e produzir uma ação.

FOTO 1A ideia não é criar formatos pré-definidos como o “Você vem sempre aqui?”, mas sim, fornecer dicas e informações valiosas, para que cada aluno desenvolva naturalmente seu estilo de conquista. Uma coisa meio Hitch – O conselheiro amoroso, só que ao invés de dicas para conquistar uma pessoa específica, os bootcamps da PUA Training, ensinam a conquistar qualquer mulher. E aí se o aluno vai aplicar o aprendizado em uma mulher ou em várias, é ele quem decide.

O Bootcamp tem duração de três dias. Começa na sexta, com uma parte de workshop, seguida por outra de prática. “O curso indica o que fazer e não fazer, como ter uma boa postura, evitar mãos no bolso, como fazer uma abordagem fria, que é quando o homem chega na mulher sem que ela o tenha visto, e também como fazer uma abordagem quente, que é quando já rolou um flerte e uma certa pré-aprovação. Depois partimos pra night, onde continua a orientação, até as três da manhã”.

FOTO 3No sábado, durante a tarde, acontece o day game em um local público, como uma rua mais movimentada ou um shopping. Com a luz do dia e sem a ajuda da bebida, os alunos são encorajados a falar com uma mulher que os atraiam. Fernando conta que o objetivo é perder a vergonha, mas que muitos alunos já conseguiram transformar a abordagem em um instant date. Quando cai a noite, mais uma festa. No Rio de Janeiro, as boates escolhidas são a Mirroir, o Club Praia e a Nuth.

“Na real, não existem regras, mas sim, referências. No início da noite, por volta das 23h horas, a luz é mais clara, o som está mais baixo, as meninas geralmente em grupo, e as pessoas estão começando a chegar. Se o homem partir pra uma abordagem direta, as mulheres podem ficar com vergonha, é difícil rolar. Entre 23h e 00:30h é mais ou menos a fase social da noite. Onde se conhece as pessoas, momento bom para trocar ideia. Depois de 00:30h o som aumenta, as pessoas começam a dançar e a beber. E depois das 2h, as pessoas se soltam bem mais. É nessa fase que fica mais fácil a abordagem”.

Apesar de a maioria das abordagens ainda partirem dos homens, também é importante desconstruir o clichê de que as mulheres são coadjuvantes no processo de sedução. Afinal de contas, as mulheres também devem agir, sinalizando o que querem, ao invés de esperarem serem escolhidas. E como no acaso dos encontros, nada é lei ou mandamento, dar um empurrãozinho em algo desejado, não faz mal a ninguém, pelo contrário, pode fazer acontecer.

Fotos da matéria: Fernando Fênix / Foto de capa: Divulgação TodoRio

Fernanda Sigilião

Fernanda Sigilião é publicitária e atualmente mora em Londres. Fã de Beatles a Coltrane, além de música, também ama viajar. Se interessa por arte em geral, sociologia e filmes antigos, já viu ‘A Noviça Rebelde’ mais vezes do que é socialmente aceito.

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